O desempenho da petista ficou abaixo do que previam, na véspera da eleição, os institutos de pesquisa Ibope e Datafolha. Pesquisa de boca de urna feita ontem pelo Ibope, apenas com eleitores que já haviam votado, indicava que Dilma teria 51% dos votos válidos – levando-se em conta a margem de erro, de 49% a 53%. Serra, às 22h30, tinha 32,69% dos votos válidos. A pesquisa de boca de urna previa que ele chegasse a 30%. E Marina, a surpresa da eleição, chegou a 19,44%, dois pontos porcentuais a mais do que previa o último levantamento do Ibope.
O candidato do PSDB venceu em Estados onde Dilma era tida como favorita ainda na véspera da votação. Em São Paulo, por exemplo, abocanhou cerca de 41% do eleitorado, contra 37% para Dilma. Uma semana antes da eleição, o Ibope indicava um quadro invertido em São Paulo: a petista liderava com 45% dos votos válidos, seguida pelo tucano, com 39%. Marina aparecia com 14% no Estado, e acabou com 21% – seu eleitorado, portanto, cresceu 50% em uma semana no maior colégio eleitoral do País.
Na Região Sul, Serra perdeu no Rio Grande do Sul, mas colheu duas vitórias imprevistas pelos institutos de pesquisa no Paraná (44% a 39%) e em Santa Catarina (46% a 39%). Na Região Centro-Oeste, o tucano venceu em Mato Grosso do Sul, por pequena margem (42% a 40%), mas ainda assim em um Estado onde a previsão era de desvantagem em relação a Dilma.
Na mesma região foi registrada a única vitória da candidata do PV em uma unidade da Federação: o Distrito Federal deu a Marina 42% dos votos válidos, uma vantagem de pouco mais de dez pontos em relação a Dilma, tida como favorita.
Dilma Rousseff demonstra confiança
Em discurso na noite de ontem, Dilma Roussef (PT) cumprimentou os candidatos eleitos, tanto da base como da oposição. A candidata à presidência afirmou ter certeza de que o processo no segundo turno será muito importante e de esclarecimento, em que o diálogo com a população, com os movimentos sociais e com todos os representantes da sociedade civil será fundamental.
Ao comentar sua ida para o segundo turno, a candidata Dilma Rousseff se mostrou otimista e disse que o partido é de chegada. “Nós somos bastante guerreiros. Somos acostumados com o desafio e somos de chegada”. Dilma lembrou que o PT tem bom desempenho em segundo turno ao fazer uma comparação com as eleilções de 2002 e 2006, vencidas por Lula em turno.
Ela destacou que as principais metas para o governo são a educação de qualidade, uma saúde que se equipare aos países de primeiro mundo e um conjunto que assegure segurança pública para toda a sociedade.
A candidata petista disse ainda que “este é um momento importante na vida democrática do País”, e considera que a eleição transcorreu com normalidade. Dilma ressaltou que considera o Brasil “uma das maiores democracias do mundo” e que no País se tem uma “convivência harmônica apesar do contraditório e das discussões”. Hoje, de acordo com ela, o partido concederá uma entrevista coletiva a partir das 16h30.
Presidente do PT vai pedir apoio do PV
Brasília (AE) – O presidente do PT, José Eduardo Dutra, vai procurar nos próximos dias a candidata derrotada do PV, Marina Silva, e pedir o apoio dela a Dilma Rousseff (PT), que enfrentará José Serra (PSDB) no segundo turno. A estratégia começou a ser traçada ontem à noite, em uma reunião que juntou no Palácio da Alvorada o próprio Lula e mais uma dezenas de políticos e ministros da campanha de Dilma.
O governo quer, entre outros objetivos, barrar a negociação – já destravada no bastidor dos tucanos – para desalojar o DEM da vice de Serra e entregar a vaga ao PV de Marina. O nome mais cotado é o do deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), que ficou em segundo lugar na disputa pelo governo do Rio. Hoje à noite, Gabeira evitou comentar o assunto, mas disse que vai apoiar Serra no segundo turno. “O que eu posso falar agora é que tenho o compromisso de apoiar o Serra”.
Com a residência oficial da Presidência transformada em comitê de campanha do PT, o presidente e a candidata Dilma acompanharam a apuração dos votos e depois comandaram uma reunião em que estiveram presentes, além de Dutra, o coordenador Antonio Palocci, o assessor especial do Planalto Marco Aurélio Garcia, os ministros Franklin Martins (Comunicação Social), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Guido Mantega (Fazenda), Henrique Meirelles (Banco Central), Carlos Eduardo Gabas (Previdência), Gilberto Carvalho (secretaria-geral da Presidência) e Altemir Gregolin (Pesca).
Marina Silva evita antecipar decisão
São Paulo (AE) – Terceira colocada na disputa à Presidência da República, a candidata do PV, Marina Silva, evitou adiantar qual será o seu futuro político nos próximos anos. Ela afirmou que essa é a grande diferença entre a velha e a nova política que o PV pratica – que, segundo ela, não faz as coisas de “caso pensado”. “É o processo que vai indicar quais serão os meus próximos passos”, disse a candidata, após discursar para militantes do partido em um espaço cultural na capital paulista.
Segundo Marina, o seu intuito daqui para frente é fortalecer a sua plataforma de desenvolvimento sustentável, exposta por ela durante a campanha. “As eleições mostraram que a questão da sustentabilidade não é algo de uma minoria. Sabe o que faltava para isso ficar claro? Faltava uma eleição. Porque a eleição mostra muito mais do que as pesquisas.”
Sobre o seu desempenho no pleito, Marina disse que sempre sentiu que seu ele poderia ser melhor do que mostravam as pesquisas. “Ainda bem que não nos rendemos às circunstâncias. Se tivéssemos nos rendido às circunstâncias, não teríamos alcançado quase 20% dos votos”, afirmou.
A candidata PV disse que voltará para os movimentos da sociedade civil, que, alegou, são maiores que o partido dela. “Sempre atuei na política institucional e na política social. É isso que vou fazer quando voltar a ser professora.” Questionada se haveria interesse de ser presidente do PV, ela desconversou sobre o tema.
Marina ainda comentou que o seu desempenho surpreendente na eleição não se deve aos problemas enfrentados pela candidata Dilma Rousseff (PT) nas últimas semanas, como os escândalos de tráfico de influência na Casa Civil. “As pessoas votaram em mim porque se identificam comigo”, disse a candidata, ressaltando que a sua campanha evitou entrar no vale-tudo político e manteve a coerência. “Foi acertado não ir para o vale-tudo eleitoral. E foi acertado perder ganhando.”
G1 / Samy Art's Technology
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